Algum pequeno oásis de fatalidade
perdido num deserto de erro
A mostra individual de Leo Caobelli, com curadoria de Fernanda Medeiros, é composta por 70 fotografias. Recuperando dados de discos rígidos (HDs) danificados ou descartados, comprados em depósitos de lixo eletrônico, Caobelli constitui um acervo gigantesco de informações pessoais alheias. Jogando com a apropriação destas imagens, o artista confronta o público com o vazio que resta de uma promessa não cumprida por uma tecnologia que é programada para armazenar e organizar memórias da sociedade, incluindo a própria superação e descarte. A curadora aponta que Caobelli não tem a pretensão de confrontar com a possibilidade de resgatar as histórias que deixaram de ser narradas. “Se por um lado os erros, as falhas e os processos de operação da obsolescência programada são claramente os responsáveis por levar os discos rígidos de computadores pessoais aos galpões de reciclagem de lixo eletrônico, por outro os oásis de fatalidade se manifestam em distintas etapas”, avalia.
O artista conta que seja no acaso de coletá-los em visita aos galpões, além da possibilidade de recuperar o conteúdo, busca-se por novos oásis que passam por pontos de encontro, histórias e documentos. “É como algo que salte da tela e reivindique um novo significado”, reflete.
A expografia foi planejada a partir do espaço da Ecarta por Fernanda e Caobelli, de forma a dispor nas duas salas a duplicidade das coleções catalogadas: os oásis de fatalidade em uma galeria e, em sua oposição, os desertos de erros. A sala ‘perdido num deserto de erros” é dedicada aos erros, aos arquivos corrompidos e às imagens em movimento. E o outro ambiente da galeria com ‘algum pequeno oásis de fatalidade’ é dedicado às imagens tangíveis, encontros de HD e às fotografias recuperadas.
o artista
Leo Caobelli (Pelotas/RS, 1980)
Artista visual com ênfase em produção documental, nas áreas da fotografia, vídeo e instalação. Graduado em Jornalismo pela PUC/RS (2003), pós-graduado em Fotografia pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em 2012, e mestre em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 2017. Atuou como repórter fotográfico na Folha de São Paulo, de 2006 a 2009. Fundou e fez parte do coletivo Garapa, de 2008 a 2015. A pesquisa visual do artista “Algum Pequeno Oásis de Fatalidade Perdido num Deserto de Erros” foi vencedora do Prêmio Brasil Fotografia 2015/2016 e exposta na Fototeca Latino-Americana (Fola), na capital argentina, em 2017.
a curadora
Fernanda Medeiros (Uruguaiana/RS, 1989)
Além da curadoria, realiza pesquisa e produção. Bacharel em História pela Puc-RS (2012), cursando especialização em Práticas Curatoriais do Instituto de Artes e graduanda no bacharelado em História da Arte, ambas na Ufrgs. É curadora assistente e coordenadora de operações no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Idealizadora e editora da Cactus Edições, selo de publicações de artistas. Produtora na Bronze Residência, no festival de video-arte “C4NN3S” e na feira de publicações Folhagem. Atuou na coordenação do Centro de Documentação e Pesquisa, da Fundação Vera Chaves Barcellos (2012/ 2019), e foi sócia-fundadora, curadora e produtora no Acervo Independente (2014/ 2017).
abertura
18 de junho de 2019, às 19h
visitação | entrada franca
15 de junho de 2019 a 4 de agosto (de terça a quinta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h)
local
Fundação Ecarta (Av. João Pessoa, 943), em Porto Alegre