Dona Conceição apresenta Asè de Fala
Acompanhado por Gutcha Ramil (Voz, alfaia e rabeca), Wagner Menezes (guitarra), Dona Conceição (voz) apresentará seu álbum autoral independente e outras canções, que reúnem a força do batuque do Rio Grande do Sul, aliada aos timbres da contemporaneidade musical e elementos da cosmovisão africana.
No álbum Asè de Fala, Dona Conceição trata de sua história sob a perspectiva que é constantemente invisibilizada, a do povo negro. Estabelecendo uma conexão
entre vários temas, as nove faixas que compõem o álbum aborda racismo, religiosidade, morte, resistência, força, saudade, desejo, fome, sexo, amor, Exú, transformação.
O show é composto por diversas influências, aliando a percussão de matriz africana a instrumentos como baixo, guitarra e pedais, teclado, saxofone, rabeca, cavaquinho e violão, estabelecendo uma ligação entre a tradição e o moderno, que passa por ritmos afro-brasileiros (maracatu, jongo, ijexá, xote, baião e coco), pela música popular brasileira em sua diversidade do Norte ao Sul do país (samba, forró e axé) e por gêneros musicais, como o rock n´roll, jazz, afrobeat e o soul.
os artistas
John Conceição, músico, compositor, percussionista e poeta
Natural de Alvorada, município da região metropolitana de Porto Alegre/RS, John Conceição, é um artista que resiste e denuncia o racismo e o genocídio da juventude negra através da arte. Em homenagem a sua base familiar, adotou o nome artístico Dona Conceição, que remete diretamente a figura da mulher, sua mãe, Dona Vera Regina, porém que contempla seu pai, Seu Conceição.
Após o fim de um projeto de inclusão social chamado Ouvir a Vida, que ensinava música na Vila Umbú, em Alvorada, no turno inverso ao da escola, ele e outros jovens ficaram com o tempo ocioso e sem ter onde ensaiar, foi então que, com apenas 15 anos, Dona Conceição, autodidaticamente, idealizou e coordenou o projeto de inclusão social Nação Periférica, projeto que ensina percussão aos jovens da periferia de Alvorada – sendo também o coreógrafo e arranjador do grupo show do projeto até 2011. Os ensaios aconteciam na casa dele, na Vila Tijuca, sua mãe preparava o lanche das dezenas de meninas e meninos que
participavam do projeto, tudo com recursos próprios. Foi assim que, em 2005, Dona Conceição, começou a atuar na área da Educação Musical.
Entre 2008 e 2009, atuou como cantor e intérprete no musical Vitória Régia, pela companhia teatral Jacinto que deu certo. Suas composições integram o espetáculo Batuque Tuque Tuque, que é baseado na obra do poeta e escritor Oliveira Silveira. Em 2009, atuou no espetáculo Minas, da escritora e poetisa negra Conceição Evaristo. Ainda em 2009, foi o idealizador, diretor e coreógrafo do espetáculo Africanação.
Em 2013, foi um dos idealizadores do projeto Latitude, realizado pela Cufa (Central Única das Favelas), onde trabalhou musicalidade com os jovens das periferias de Porto Alegre. Neste mesmo ano, em reconhecimento ao seu trabalho prestado na promoção da negritude, recebeu o Troféu João Cândido, promovido pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Governo Federal (SEPPIR), e, em 2014, ganhou o Iº Prêmio da Diversidade Cultural do RS, promovido pelo Governo do Estado.
Em janeiro de 2016, participou do Encontro Latino Americano de Teatro do Oprimido, na Nicarágua/América Central. No mesmo ano, à convite da Pas à Passo Théâtre de L'Opprimé, ficou 30 dias na cidade de Amiens/França, realizando shows e oficinas de Percussão.
O ano de 2016 foi marcado pelas ocupações nas escolas públicas de todo o Brasil. Dona Conceição e a sua companheira e produtora cultural Josi Arruda percorreram as escolas ocupadas no RS, realizando aulas livres para os jovens que estavam nas ocupações.
Deste movimento nasceu o espetáculo Caminhos e Encruzilhada – Alafia, uma performance poético musical protagonizada por cinco jovens negros, que fala sobre racismo, descolonização do pensamento religiosidade, resistência, militância e genocídio da população negra, abrindo possibilidades de debates, construções e transformações. Dona Conceição que também é ator e performer, dirigiu o espetáculo que se apresentou em vários espaços de cultura do RS, incluindo a sala Álvaro Moreira/Centro Municipal de Cultura Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues e no Teatro Bruno Kieffer/Casa de Cultura Mario Quintana, ambos em POA-RS.
No ano de 2017, novamente à convite da Pas à Passo Théâtre de L'Opprimé, voltou à Amiens para uma turnê de três meses que incluiu a realização de shows, oficinas e apresentação de perfomance, nas cidades de Paris/França e Berlim/Alemanha.
No retorno ao Brasil ajudou a coordenar o Projeto Figueira Negra – Descobrindo percursos, identidades e protagonismos, que escreveu em parceria com Josi Arruda. Realizado no Instituto Federal – Campus Alvorada e com a participação de 30 estudantes negros e negras, o projeto trabalhou o empoderamento da juventude negra e a redução da evasão escolar.
Deste projeto nasceu a 1ª Mostra de Performance Negra de Alvorada e um filme longa metragem, chamado Figueira Negra, com lançamento previsto para 2019, que conta a história da cidade de Alvorada – RS, através do olhar das pessoas negras, que lá residem, participam da construção política e social, mas que são invisibilizadas por quem sempre teve o privilégio de contar a história. E ainda, começou a integrar o coletivo de compositores A Cabaça, na cidade do Rio de Janeiro.
Em 2018, fez sua estreia como diretor e roteirista de cinema ao lançar na edição de 11 anos do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul – Brasil, África e Caribe, seu primeiro filme curta-metragem A máquina de moer pretos, finalizado em 2018, o filme reúne uma coletânea de imagens de uma performance que circulou três países, Brasil, França e Alemanha, abordando os linchamentos que ocorrem em decorrência da desumanização do corpo negro e do racismo.
O single Saudação a Exú chegou no dia 2 de julho, abrindo os caminhos para o seu primeiro disco autoral independente, Asè de Fala, que foi concebido e produzido pelo próprio artista em um período de dois anos e que teve 30 participações artísticas brasileiras, e contou também com dois músicos franceses na faixa 01 – Saudação a Exú.
O álbum foi lançado no dia 7 de novembro de 2018, no Salão de Atos da Ufrgs (Porto Alegre/RS), após o artista ser selecionado na 8ª edição do Projeto Som do Salão (Projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que incentiva quatro novos artistas gaúchos todos os anos e que tem como um dos seus pilares a formação de plateia). O álbum Asè de Fala é mais do que uma manifestação musical, pois conta a história de uma perspectiva que é constantemente invisibilizada, a do povo negro. No álbum, Dona Conceição fala sobre seu processo de criação como uma narrativa que resulta em composições que são um mapa de volta para casa, uma volta às Áfricas, onde cada música desse disco é um recorte de sua história e vivências. O músico e produtor Wagner Lagemann dividiu com Dona Conceição a produção do trabalho que conta com a co-produção de Pedro Dom.
Foi agraciado com o Prêmio Carolina Maria de Jesus, promovido pela Flup 2018 – Festa Literária das Periferias que aconteceu em novembro no Rio de Janeiro. Ainda, teve o seu filme curta metragem Máquina de moer pretos, exibido no 15º Festival de Cinema do Vale do Ivinhema, em Mato Grosso do Sul, e participou da Mostra independente Novos discos nossos, no Teatro Renascença.
O ano de 2019, já iniciou movimentado. Dona Conceição ficou em 6º lugar na lista dos 100 melhores discos lançados em 2018, foi indicado ao prêmio Açorianos de Música. Foi finalista, nas categorias cantor e autor, no Prêmio Profissionais da Música 2019 que acontece nos dias 01, 02 e 03 de novembro em Brasília – DF.
“Se eu estou sozinho não articulo nada, eu nem consigo dialogar com ninguém. Tem coisa melhor que abrir os braços e abraçar alguém? Sentir a outra pessoa… E arte é isso.”
Dona Conceição.
Gutcha Ramil, rabequeira, cantora, percussionista, compositora, arte educadora e antropóloga.
Natural de Pelotas-RS, cresceu numa família de músicos. Começou sua experiência musical tocando violino e com o tempo foi descobrindo outros caminhos e gostos, dedicando-se hoje mais à rabeca e à percussão. Desde 2009, trabalha com mestres e mestras, como Mestre Zé do Pife, Chico Simões, Tião Carvalho, Martinha do Coco, Paraquedas, Dona Cô.
Mestre em antropologia pela Ufrgs, realiza um trabalho junto à musicalidades da cultura popular através do grupo Três Marias e do NGOMA – Núcleo de Vivência e Estudos em Percussão e Cultura Popular no Instituto Sociocultural Afro-Sul Odomodê, e como arte educadora através da extensão do NGOMA na ONG Afaso, com crianças do bairro Bom Jesus (POA-RS). Integrante do grupo Três Marias, também participa dos projetos Sankofa, Íbejí, Alujá, Casa Ramil e compõe as bandas do cantor e compositor Dona Conceição e do compositor Thiago Ramil.
Wagner Menezes, guitarrista, violonista e compositor
É bacharel em Música Popular pela Ufrgs e trabalha como músico e professor na cidade de Porto Alegre. Durante os estudos na Ufrgs, destacam-se os trabalhos realizados de performance e arranjo em repertório de Rock Progressivo, sob orientação do professor Dr. Eloy Fritsch, assim como os estudos de Harmonia, Análise e Composição de Canção com o professor Dr. Fernando Lewis de Mattos. Sob orientação da professora Drª Isabel Nogueira, desenvolveu e apresentou em seu trabalho de conclusão de curso sua pesquisa sobre o Afrofuturismo em música.
Em paralelo aos estudos na universidade, trabalhou como: professor particular de guitarra, baixo e violão; no estúdio de ensaios e gravação Cidade Baixa durante os anos de 2017 e 2018; além de realizar trabalhos como instrumentista em Porto Alegre e região metropolitana. Destes, destacam-se o trabalho como guitarrista e compositor em parceria da banda de rock alternativo Soro entre os anos de 2014-2017 e o atual trabalho com a banda tributo Os Eller’s, onde ingressou em 2019 como guitarrista e diretor musical. Em conjunto com a artista Patricia Nardelli, trabalha desde o inicio do ano de 2019, questões pelas quais desenvolve grande interesse: a consciência corporal, presença em cena e música experimental. Como resultado, surgiram, no mesmo ano, as noites de performances Goticália e a criação e realização do espetáculo Moira.
Atualmente trabalha com as gravações das músicas que compõem Moira e com o lançamento do álbum fruto de sua pesquisa em Afrofuturismo.
data e horário
7 de março de 2020, 18h
local
Fundação Ecarta (Avenida João Pessoa, 943 – Porto Alegre/RS)
entrada franca