Fundação Ecarta marca estreia na Bienal do Mercosul
com pintura do prédio por artista boliviano
O próprio prédio da entidade cultural é uma obra da Bienal, que ficará como marca para a cidade. Visita guiada com o artista Freddy Mamani ocorre nesta quinta-feira, 27/3, 10h, marcando a abertura da exposição que prossegue até 1º de junho. Obras de artistas da China, Colômbia e Guadalupe estão na parte interna da casa
A Fundação Ecarta estreia como um dos espaços da 14ª Bienal do Mercosul sendo o próprio prédio a base para a obra de arte do artista boliviano Freddy Mamani que está concluindo a pintura nesta terça-feira, 24/03. A pintura integra os elementos gráficos de toda a cosmologia dos povos dos Andes e é considerada a “nova arquitetura andina”, também chamada de cholet.
De cores vibrantes e com vários símbolos, a pintura do prédio está chamando a atenção da comunidade que passa pela Avenida João Pessoa, esquina com a rua Lopo Gonçalves, na Cidade Baixa.
Uma visita mediada nesta quinta-feira 27/03, das 10h às 12h, com o artista Freddy Mamani marca a abertura da 14ª Bienal do Mercosul, que terá atividades em 18 espaços.
A atividade inicia no interior da galeria, onde Mamani apresentará sua trajetória e principais influências. Em seguida, seguirá para a área externa, onde o artista compartilhará seu processo de planejamento e criação da obra.
“É uma forma de integração dos povos latino-americanos através das cores e da arquitetura”, pontua o artista pertencente ao povo indígena Aymara. Logo após a abertura, o arquiteto, engenheiro e pedreiro retorna à Bolívia, onde reside em El Alto, lugar de maior referência da sua obra.
O grupo Folcloreando se inspirou ao ver a pintura e fará uma demostração de danças latino-americanas na calçada, com as bailarinas Carla Pfeifer e Marta Severo.
Presente para a cidade
“Estamos muito felizes e honrados com esta participação que coincide com as festividades de 20 anos da Fundação Ecarta e representa um reconhecimento da nossa atuação como espaço de arte contemporânea desde 2005, ano em que inauguramos nosso primeiro projeto, que é justamente a Galeria Ecarta”, comemora Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta.
De acordo com o coordenador da Galeria Ecarta, André Venzon, três artistas estrangeiras (Minia Biabiany, Tang Han e Sara Modiano) terão suas obras expostas nas dependências do casarão da esquina da Lopo Gonçalves com a Avenida João Pessoa, de frente para o Parque Farroupilha (Redenção).
MEDIAÇÃO – Haverá uma equipe de seis pessoas na Fundação oferecendo mediação para escolas mediante agendamento prévio no site da Bienal, a partir de 10 de março. Farão atendimento ao público no horário de funcionamento da Ecarta (terças a domingo, das 10h às 18h), de 27 de março a 1º de junho, de acordo com o fluxo de visitação.
Conforme a curadora educativa Michele Zgiet, para além da participação dos artistas e das exposições, a Fundação Ecarta será um importante espaço pedagógico voltado para educadores. “Nesta Bienal, serão muitos espaços expositivos, mas nem todos serão educativos. Apenas oito cumprem também essa função. E a Ecarta será ambos: expositivo e educativo, como espaço de troca de experiências para dialogar e discutir suas próprias questões e temas ligados às suas vidas, suas vivências e também à arte fora do ambiente escolar”, explica Zgiet
Serão realizadas oficinas fixas, voltadas exclusivamente para professores/as nos fins de semana em dois horários: sábados e domingos, às 10h e 15h com linguagens como podcast, dança, artes visuais.
Artistas da 14ª Bienal com exposição na Ecarta
Freddy Mamani (Bolívia, 1971) – O artista fez uma pintura na fachada da Fundação, transformando o próprio prédio em obra da Bienal. A pintura começou na metade de fevereiro e foi finalizada no final do mês. Mamani é um construtor, engenheiro civil e arquiteto. Seus trabalhos ficaram conhecidos como a Nova Arquitetura Andina. Mamani é reconhecido por suas obras vibrantes e coloridas, principalmente em El Alto, cidade próxima a La Paz, na Bolívia, onde construiu mais de cem edifícios,os quaisse transformaram em orgulho nacional. São prédiosvibrantes com formatos não convencionais, que mesclam estéticas variadas: arquitetura ocidental moderna;elementos do barroco latino-americano e chinês;influências andinas;folclóricas, e ainda toques de futurismo, animé e ficção científica. Suas obras foram expostas na Fundação Cartier, em Paris, no MoMA, Nova Iorque, na Bienal de Sydney, entre outros. Vive em El Alto, Bolívia.
Minia Biabiany (Guadalupe/França, 1988) – Minia apresenta uma instalação que vai na esteira das pesquisas dela sobre espacialidades a partir de uso de materiais naturais, como terra e madeira. Ela usa a desconstrução de narrativas por meio de instalações, vídeos e desenhos e constrói poéticas efêmeras em relação às realidades coloniais. Participou de exposições em instituições como o Centro Pompidou, o CRAC Alsace e a Bienal de Berlim. Vive entre Guadalupe e México.
Tang Han (China, 1989) – Seu projeto prevê a projeção de um vídeo, além de uma instalação na parede. Trata-se de uma pesquisa relacionada com ficção científica e botânica para falar sobre como a produção do conhecimento, as plantas, o clima e os humanos estão interconectados. Ela é artista visual e cineasta, formada pela Guangzhou Academyof Fine Arts e mestre pela Berlin UniversityofArts. Seu trabalho foi exibido no KW Institute for ContemporaryArt, na Kunsthaus Dresden, no HOW ArtMuseum, Xangai e no ImageForum Festival, no Japão, onde foi premiada. Vive em Berlim, Alemanha.
Sara Modiano (Colômbia, 1951-2010)– Sara foi uma artista conceitual que trabalhou com pintura, instalação, escultura e performance. Em sua prática, elareflete sobre o contexto político e cultural da época, criando estruturas e formas geométricas relacionadas à arquitetura pré-colonial e aos padrões geométricos essenciais presentes na natureza. Recebeu prêmios, reconhecimentos e participou de Bienais no Chile, na Colômbia, no Brasil e na Austrália. Seu trabalho está em coleções públicas, como as do Museu de Arte Moderna de Bogotá, Museu de Antioquia, Museu de Arte Contemporânea de Caracas e o Bass Museum of Art. A Fundação Sara Modiano para as Artes foi criada em 2011 com o objetivo de preservar e divulgar o legado da artista. Viveu grande parte de sua vida em Bogotá, Colômbia.
SERVIÇO
O QUÊ: Visita mediada com o artista boliviano Freddy Mamani que pintou a sede da Fundação Ecarta com as bases da Nova Arquitetura Andina
DATA: 27 de março, às 10h
LOCAL: Fundação Ecarta – Avenida João Pessoa, 943 – em frente à Redenção
VISITAÇÃO: de terça a domingo, das 10h às 18h até 1º de junho
Entrada franca