Fundação Ecarta  entrega manifesto pela regulamentação do uso da membrana amniótica ao coordenador da Central de Transplantes de Santa Catarina

Atividade integra as ações do movimento nacional para apressar o procedimento no SUS. Curativo diminui a dor, apura a cicatrização e salva vidas

O presidente da Fundação Ecarta, Marcos Fuhr reuniu com coordenador da Central de Transplantes de Santa Catarina, Joel Andrade, para detalhar o movimento nacional que busca agilizar a regulamentação para o uso da membrana amniótica como curativo no tratamento de queimados no Brasil, em análise há três anos na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

“Solicitamos o apoio do coordenador da Central de Transplantes de SC porque sabemos da sua sensibilidade e empenho no atendimento humanizado. Com isso, milhares de pessoas terão recuperação mais rápida e o procedimento será decisivo para salvar muitas vidas”, pontuou Fuhr, detalhando os entraves.

“Acredito que é uma iniciativa de extremo valor e que deva ser incorporada ao nosso arsenal terapêutico. Vários países com sistemas de transplante desenvolvidos já incorporaram a membrana amniótica e o Brasil deve ganhar com este recurso”, declarou Andrade que atua desde 16 de agosto como responsável técnico pela Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes.

O médico está à frente da Central de Transplantes catarinense há 18 anos, e o estado lidera, há vários anos com folga, o volume de doação de órgãos entre todos os estados brasileiros. A Central é mais uma das entidades que se soma à causa e se integra a campanha que ganha apoiadores em todo o país.

Causa soma apoiadores

Entre as entidades signatárias de apoio ao manifesto estão a Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, a Sociedade Brasileira de Queimaduras, os quatro bancos de pele do país, as duas Unidades de Queimados do RS (Hospital de Pronto Socorro e Hospital Conceição), Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Associação Riograndense de Imprensa (ARI), movimento ViaVida, Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS), Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS, entre outras apoiadoras do documento encaminhado ao Ministério da Saúde e a diferentes destinatários.

Como parte da agenda em Porto Alegre, na sexta-feira, (25/10), Joel de Andrade, recebeu o manifesto produzido pela frente nacional constituída em julho para apressar a autorização do material em pacientes queimados capitaneada pela Fundação Ecarta por meio do projeto Cultura Doadora, com a participação de dezenas de organizações da sociedade civil.

Mobilização acentuada

Marcos Fuhr  enumera a sequência de ações e atividades do movimento. Entre elas o envio de três ofícios à Conitec solicitando informações das etapas em que se encontra a tramitação para incorporar esta tecnologia ao Sistema Público de Saúde com envios de 23 fartos subsídios técnicos da comprovação da eficácia destes procedimentos em inúmeros países.

Reuniu ainda com o presidente do Conselho nacional de Saúde, Fernando Pigatto, acentuou a pauta com a integrante da Mesa Diretora da Câmara Federal, deputada Maria do Rosário que realizou um ato no Grupo Hospitalar Conceição; entregou o manifesto ao líder da bancada gaúcha na Câmara Federal, deputado Dionilso Marcon; realizou atividades públicas de divulgação em locais como o Brique da Redenção durante o Setembro Verde e mobiliza apoios por meio de um abaixo-assinado digital.

O movimento também solicitou agenda com o a Ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Pressa em salvar vidas

O SUS atende mais de 100 mil pacientes queimados graves ao ano e é o único país da América Latina que não usa a membrana amniótica.  O material, hoje descartado após os partos por cesariana, é o curativo considerado ideal para tratar queimaduras graves, diminuindo tempo de internação, promovendo rápida recuperação e redução de gastos com curativos sintéticos.

Há apenas quatro bancos de tecidos do país que suprem menos de 10% das necessidades de curativos de pele para lesões graves, hoje provenientes apenas da doação de tecido humano em casos de óbito cardiorespiratório ou morte encefálica.  Com a regulamentação da membrana amniótica atenderá 100% da demanda do Brasil.

Na tragédia da Boate Kiss em 2013, o curativo biológico foi autorizado excepcionalmente para tratar centenas de pacientes queimados, contando com a doação de membranas amnióticas de diversos países, principalmente de vizinhos, como Uruguai, Argentino e Chile.

 

Recuperação rápida e baixo custo

 

“Estranhamente somos um dos poucos países em que não está regulamentado o uso deste material, com exorbitantes comprovações de eficácia, farta disponibilidade e baixo custo”, declarou o dirigente da Ecarta.

“Enquanto o centímetro quadrado do curativo sintético fornecido pela indústria farmacêutica custa R$ 50,00, o de membrana amniótica custaria R$ 0,10. São dezenas de centímetros sintéticos usados a cada curativo, diariamente com enormes custos para o SUS”, enfatizou o dirigente da Fundação.

Fuhr também informou dos painéis de debates online pelo Cultura Doadora realizados com especialistas para popularizar o tema. Nesta quarta-feira, 30/10, tratou justamente do alto custo do tratamento de queimados com os responsáveis pelas Unidades de Queimados do HPS e Grupo Hospitalar Conceição.

 

Prioridade do Cultura Doadora

 

A Fundação Ecarta mantém há 12 anos o Cultura Doadora, uma rede que fomenta a doação e  aprimoramento do sistema de transplantes. A prioridade deste ano, acentuau Fuhr, é apressar a regulação deste tecido como curativo em pacientes queimados.

“Cada vez mais pessoas se somam a esta mobilização. O Brasil mudará de patamar com essa nova tecnologia no SUS”, completou.