O Uso da Membrana Amniótica no Tratamento de Queimados

No último dia 25 de julho, um conjunto de entidades e instituições lançou uma Frente nacional pelo uso de membrana amniótica no tratamento de queimaduras.

A membrana amniótica é um tecido proveniente da parte interna da placenta de partos por cesariana, material hoje descartado, considerado o melhor curativo cutâneo para redução da dor e rápida cicatrização em diferentes patologias.

Na tragédia da Boate Kiss em 2013, o curativo biológico foi autorizado excepcionalmente para tratar centenas de pacientes queimados, contando com a generosa doação de membranas amnióticas de diversos países, principalmente de nossos vizinhos.

E há apenas quatro bancos de tecidos do país que mal suprem 10% das necessidades de curativos de pele, hoje provenientes apenas da doação de tecido humano em casos de óbito cardiorespiratório ou morte encefálica.  Com a regulamentação da membrana amniótica atenderá 100% da demanda do Brasil.

Assim, fica por conta das peles sintéticas e demais medicamentos curativos o tratamento das milhares de vítimas de graves queimaduras que ocorrem no país todos os anos, das quais 30% em crianças.
Enquanto o centímetro quadrado do curativo sintético fornecido pela indústria farmacêutica custa R$ 50,00, o de membrana amniótica custaria R$ 0,10. São dezenas de centímetros sintéticos usados a cada curativo, diariamente com enormes custos para o SUS.

O Brasil é um dos poucos países em que não está regulamentado o uso deste material, com exorbitantes comprovações de eficácia, farta disponibilidade e baixo custo.

A expectativa é que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), agilize finalmente a conclusão do processo regulatório para o uso da membrana no tratamento de queimaduras.

Com isso, milhares de pessoas terão recuperação mais rápida e o procedimento será decisivo para salvar muitas vidas.

painelistas

Biomédica do Banco de Tecidos – Pele Dr. Roberto Correâ Chem da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Graduada em Biomedicina pelo Centro Universitário Metodista (IPA), com habilitação em análises clínicas e bromatológicas.

Mestre em Medicina: Hepatologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Enfermeiro, Mestre em Enfermagem (UFCSPA – 2021); Linha de pesquisa em Práticas inovadoras e tecnologias de enfermagem na atenção à saúde;

Autor do Guia de prática clínica para o cuidado de enfermagem ao paciente queimado. Especialista em Terapia Intensiva, Cardiologia e Dermatologia. Docente da graduação em Enfermagem Unisinos. Membro da diretoria da SOBENDE (Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia). E atual Coordenador de Enfermagem da UTI de Queimados (HPS/POA).

Médico veterinário, mestre e doutor em medicina veterinária preventiva. Estudante do décimo semestre de medicina.

Foi uma das últimas pessoas a sair da boate com vida, teve quase 40% do corpo queimado e ficou nove dias em coma no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Precisou passar por dezenas de cirurgias .

Concluiu o doutorado e, nessa reflexão, voltou a pensar em uma antiga vontade que tinha e que existia desde a época em que optou pela medicina veterinária nos anos 1990:a de cursar medicina.

data
29 de agosto de 2024, 19 horas

local
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