Sociedade Brasileira de Queimaduras convenia com Fundação Ecarta

A SBQ e a Fundação Ecarta firmaram termo de cooperação técnico-científica para o desenvolvimento de atividades de pesquisa, promoção de doação de pele e do uso de membrana amniótica, capacitação de profissionais e fomento a políticas públicas voltadas ao tratamento de pacientes vítimas de queimaduras.

Para o presidente da Fundação Ecarta, é valioso somar esforços para salvar vidas. “Formalizar esta parceria com a SBQ é uma grande satisfação para a Fundação pela importância institucional dessa entidade nacional em reforçar esta pauta pela autorização da membrana amniótica no Brasil”, complementa.

 

Para o diretor institucional da SBQ, o cirurgião plástico José Adorno, o uso da membrana beneficiará muito os pacientes queimados, especialmente, os grandes queimados. “Eles necessitam de substituto temporário de pele para conduzir o seu tratamento clínico cirúrgico, diminuir infecção, diminuir dor, melhorar a qualidade do tratamento”, frisa o médico, lembrando que o Brasil já teve uma experiência com uso de membrana na época do incêndio da Boate Kiss, quando países vizinhos enviaram estoques de curativos de membrana, permitindo o tratamento de mais de 100 pacientes.

 

A SBQ é uma das entidades que integra a frente nacional pela aprovação do uso de membrana amniótica em queimados. Adorno participou  online do lançamento do movimento nacional no dia 25 de julho  para apressar o processo de regulamentação do uso desse material no Brasil. O acordo de cooperação foi firmado em agosto.

A constituição de uma frente foi sugerida pela Fundação Ecarta, por meio do projeto Cultura Doadora, que tem como missão a sensibilização para a doação de órgãos e tecidos e a melhoria da estrutura médico-hospitalar. “Os benefícios do uso da membrana amniótica podem garantir melhorias no tratamento de mais de 100 mil pacientes que sofrem queimaduras ao ano no Brasil”, justifica Marcos Fuhr, presidente da Ecarta.

A membrana amniótica é a camada interna da placenta, que produz o líquido amniótico. Ele tem muitos fatores de crescimento os quais estimulam e melhoram a cicatrização. O procedimento está em análise na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), no Ministério da Saúde, desde 2021, logo após o Conselho Federal de Medicina autorizar seu uso.

Mobilização antiga

Há mais de 10 anos, médicos e profissionais da saúde vêm reivindicando o uso da membrana amniótica no tratamento de queimados e demais ferimentos graves. O Brasil é o único país da América do Sul que ainda não regulamentou o uso.  “Com a regulamentação, 100% das necessidades por pele seriam supridas com um material que supera em cicatrização, qualidade e em custo qualquer outro curativo biológico”, resume o cirurgião plástico Eduardo Mainieri Chem, coordenador do Banco de Pele da Santa Casa de Porto Alegre.

Segundo Chem, a membrana é mais fácil de captar, de esterilizar, de disponibilizar quase instantaneamente, com custos e logística muito menores. Já a pele vem contaminada, não tem sorologia do doador, os custos são infinitamente maiores com toda a logística de captação, laboratórios, exames, tratamentos da pele coletada que passará por processos complexos até estar apta para uso, o que demora quase 50 dias.

Atualmente, o Brasil conta com quatro bancos de pele, que juntos atendem menos de 10% da demanda nacional. Os bancos utilizam pele doada por familiares de pacientes com óbito por parada cardiorrespiratória ou morte encefálica para usar como curativos.