Vladimir Soares lança seu primeiro álbum solo no Brasil
Considerado pela crítica alemã como Um Paganini da Flauta Doce, o flautista e educador musical porto-alegrense, radicado na Alemanha há seis anos, encerra em Porto Alegre turnê do concerto de lançamento do seu primeiro álbum solo Anna Bon di Venezia, gravado em Londres em outubro do ano passado.
O programa do concerto executado por Vladimir Soares (flauta doce) e Fernando Rauber (espineta), é formado por sonatas de Anna Bon di Venezia, que integram o álbum homônimo, sonatas de Antonio Vivaldi e Dario Castello, além do Concerto em Ré Menor RV 522, de Vivaldi.
A Turnê RS-Brasil 2019 marca a estreia internacional do concerto e é assinada por Dinorah Araújo –Produção Cultural e Assessoria de Imprensa, com apoio do Instituto Goethe de Porto Alegre. Novo Hamburgo, São Leopoldo, Barra do Ribeiro, Dois Irmãos e Porto Alegre são as cidades contempladas.
os artistas
Vladimir Soares
Natural de Porto Alegre, o flautista e educador musical Vladimir Soares iniciou seus estudos em música aos 11 anos de idade no Projeto Orquestra Villa-Lobos, com a professora Cecília Silveira. Mais tarde aprimorou-se na flauta doce com a professora Mariana Hoffmeister.
Vladimir é formado em Licenciatura em Música pelo IA/UFRGS, com habilitação em flauta doce, na classe de Lucia Carpena. Também concluiu o Curso Técnico em Música pela EST/RS, na classe de Luciane Cuervo e Juliana Pedrini.
Ainda no Brasil, Vladimir foi vencedor do concurso Jovens Solistas da Orquestra de Câmara Fundarte em três edições consecutivas (2008, 2009 e 2010), venceu também o concurso Solistas Demus (Departamento de Música da Ufrgs) e o Concurso Jovens Solistas da Ospa – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre em 2011.
Mestre pela Staatliche Hochschule für Musik und Darstellende Kunst Stuttgart (Escola Superior de Música e Artes Cênicas de Stuttgart), Alemanha, em dois títulos: Mestrado em Música de Câmara e Mestrado em Flauta Doce, sob orientação dos professores Hans-Joachim Fuss e Andrea Buchert, sendo que no Mestrado de Flauta Doce recebeu nota máxima e Láurea Acadêmica, fato que não ocorria na classe de flauta doce desta instituição há 25 anos.
Considerado pela crítica alemã como “Um Paganini da flauta doce”, Vladimir tem se destacado como intérprete de flauta doce, tendo atuado como solista à frente das principais orquestras do RS e da Sttugarter Kammerorchester (Orquestra de Câmara de Stuttgart), da Alemanha.
Desde 2001 trabalha como educador musical, lecionando aulas de flauta doce em escolas de música, escolas regulares, ONGs e instituições culturais no Brasil, e atualmente na Alemanha, onde reside desde 2013. Em agosto de 2016, 2017 e 2018 Vladimir apresentou concertos e ministrou masterclasses de flauta doce, em Porto Alegre e Interior do RS quando da sua estada no Brasil.
É Doutor em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atua como pianista da Orquestra Sinfônica da UCS desde 2009 e foi docente no Curso de Licenciatura em Música da Universidade de Caxias do Sul durante 2011-2017.
Foi laureado no concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e, como premiação, interpretou em 2006 o Terceiro Concerto para piano e orquestra de Bela Bartók com a OSPA direção do maestro Cláudio Ribeiro. Em 2007, foi selecionado para ser bolsista do Chautauqua Music Festival em Chautauqua, NY, Estados Unidos. Trabalhou como pianista acompanhador do II e III Festival de Música de Câmara da UCS e, durante o os anos de 2009 a 2012, foi pianista do Coro Sinfônico da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA). Integra também a Sphaera Mundi Orquestra, conjunto porto-alegrense dedicado à música de câmara.
o álbum
Anna Bon di Venezia
O álbum integra o programa da gravadora Drama Musica, e tem como um dos objetivos dar visibilidade a músicos brasileiros, que se dedicam à música antiga. A partir do ano passado a Drama Música tornou viável a criação do projeto intitulado Donne, que consiste em uma coleção composta pela gravação de cinco discos dedicados a mulheres compositoras, muitas das quais não foram reconhecidas em vida, ou cuja música foi deixada desaparecer do ouvido do público. Idealizado por Gabriella di Laccio, cantora porto-alegrense radicada no Reino Unido, o projeto foi lançado no dia 8 de março de 2018, Dia Internacional da Mulher. Na busca por compositoras femininas, Gabriela acabou encontrando na enciclopédia internacional de compositoras mulheres, mais de seis mil nomes.
O projeto conta com aparticipação de músicos brasileiros altamente qualificados, entre eles está Vladimir Soares, que é o autor da transcrição para flauta doce da série de seis sonatas Opus 1 originalmente composta para flauta transversa e baixo contínuo da compositora italiana Anna Bon di Venezia. O CD de Vladimir foi gravado entre os dias 25 e 27 de outubro de 2018 em Londres, no Reino Unido, pela gravadora independente Drama Musica.
Anna Bon di Venezia foi uma compositora italiana, que iniciou seus estudos aos quatro anos de idade na Ospedale de la Pietà na cidade de Veneza. Em 1756 ela esteve a servico de Frederico de Brandenburg-Bayreuth, que lhe deu o título de Virtuosa di musica di camera. E no mesmo ano compôs a série de seis sonatas Opus 1 para flauta e baixo contínuo, publicadas em Nuremberg no mesmo ano, dedicadas a Frederico, que era flautista.
As sonatas para flauta e baixo contínuo Opus 1 de Anna Bon mostram estilisticamente mais influência alemã do que italiana, e são comparáveis a composições de Johann Joachim Quantz und Carl Philipp Emanuel Bach.
a crítica
Um Paganini da Flauta Doce
Quem pensa logo em flauta doce quando a palavra-chave é Brasil? E em cravo, quando a palavra-chave é Marrocos? Na verdade, se pensa em carnaval no Rio ou em bazar em Rabat. Mas quem esteve presente no concerto do Quadrium em Wernau há poucos dias, não consegue pensar em outra coisa a não ser no flautista brasileiro, Vladimir Soares, e na cravista marroquina, Sanae Zanane. Esses dois excelentes músicos, não se pode dizer outra coisa, levaram o público a longas salvas de palmas e constante ovação. Flauta doce com cravo ou com piano soa, suspeitosamente, como música caseira ingênua. O pequeno cravo da escola de música Kirchheim com o piano Sauter de Wernau não deixaram a desejar, o que não se esperava. Mas isso só até a primeira nota. O concerto mal tinha começado e já era possível imaginar-se no Salle Pleyel de Paris, no Wigmore Hall de Londres ou na Elbphilharmonie de Hamburgo.
Soa arrogante! Entretanto –quem estava lá não se opor-se-á.
Embora música renascentista italiana seja reconhecida e avaliada apenas por um círculo de apreciadores, não demorou muito para o artista brasileiro cativar o público. Como se pode tocar flauta tão extraordinariamente rápido com a maior naturalidade, como se fosse tão fácil? E como se pode tocar uma flauta em dó como se fosse um Stradivari? Muitos músicos jovens e ambiciosos até conseguem tocar com um som bonito e rápido, mas estruturar com coerência musical, construir exuberantes ornamentos estilisticamente diferenciados, e ainda com um carisma atraente: isso só se vê em ano de jubileu. Além disso, todo o programa de cor, embora música de câmera exija cem por cento de segurança. Os músicos devem com certeza confiar um no outro de olhos fechados.
Na sonata de Telemann, o público continuava fascinado com tamanha virtuosidade do flautista. Soava como se estivéssemos sonhando.
Depois de tanta beleza e delicadeza do repertório antigo, o programa segue com música contemporânea. Com a peça Daido, de Paul Leenhouts, Vladimir Soares consegue mais uma vez enfeitiçar o público. Em muitos concertos, a música contemporânea é mais tolerada do que curtida. Com Vladimir Soares foi totalmente diferente. Nós nos mantínhamos presos a cada surpresa sonora e a cada efeito produzidos pelo mágico da flauta.
Seria possível uma flauta doce interpretar grandiosamente uma obra romântica para violino e orquestra sinfônica? Sim, e como! Vladimir Soares conseguiu imitar inclusive o som do pizzicato do violino na obra Zigeunerweisen de Pablo Sarasate. Foi um grande espetáculo.
E a moral da história: por favor assistam esses dois músicos enquanto eles ainda estiverem disponíveis.
Ernst Leuze
(Wernauer Anzeiger – 21/3/2019)
data e horário
29 de agosto de 2019, 20h
local
Teatro do Instituto Goethe (Rua 24 de Outubro, 112 – Independência, Porto Alegre)
ingresso
R$ 40,00 (inteira) – R$ 20,00 (meia)
Desconto de 50%: estudantes, maiores de 60, professores, classe artística e
pessoas com deficiência.
Ingressos antecipados: Livraria Bamboletras e www.sympla.com.br
Telefone: (51) 2118-7800
duração
60 minutos
Classificação Livre