o primeiro passo é a informação
Apesar de ter um dos mais bem estruturados sistemas de transplantes do país, com 54 equipes médicas, uma central e seis unidades de procura de órgãos, o Estado poderia realizar o dobro de transplantes se não ocorressem falhas na identificação de doadores – por omissão médica ou por negativa de familiares nos casos em que a pessoa não declarou em vida o consentimento com a doação de seus órgãos para transplantes.
A doação efetivamente será realizada a partir da autorização por escrito de um familiar do doador. Por isso, é fundamental conversar sobre o assunto em família para que todos saibam da posição de cada um a esse respeito. O primeiro passo é a informação.
Quem pode ser doador?
Doador vivo | São pessoas saudáveis que decidem doar um dos rins, parte do fígado ou do pulmão, medula óssea. A Legislação permite esse tipo de doação por parentes até 4º grau e cônjuges. Não parentes podem doar somente com autorização judicial.
Doador com morte encefálica | Certificada a morte encefálica de um potencial doador, cabe aos familiares até segundo grau ou cônjuge decidir sobre a doação dos órgãos – o que tem o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos).
O que é morte encefálica e como se dá a sua comprovação?
É definida como a parada total e irreversível das funções encefálicas. No Brasil, de acordo com a Resolução nº 1.489, de 1997, do Conselho Federal de Medicina (CFM), são necessários para o seu diagnóstico dois exames clínicos, com intervalos variados de tempo de acordo com a idade, realizados por dois médicos não envolvidos com os procedimentos de transplante, e um exame gráfico complementar. O doador em morte encefálica é o indivíduo com perda total e irreversível das funções encefálicas, mas que mantém os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea de forma artificial e temporária. É confirmada por três médicos, em momentos diferentes, mediante exames. Não há como a doação acontecer sem essa comprovação. A família tem o direito de designar um médico para acompanhar todo o processo.
Quais são os órgãos e tecidos que podem ser doados?
Coração, pulmão, fígado, pâncreas, rim, córnea, ossos, músculos e pele.
Há doenças que impedem doação?
A doação é vetada para doadores com algum tipo de câncer e HIV. Portadores de marcas dos vírus de hepatite B e C só podem doar para receptores com o mesmo tipo de vírus, inativo. Leucemia ou linfomas impede a doação de córneas, mas não há restrição nos demais casos de câncer – mesmo com metástase. O alcoolismo inviabiliza somente a doação do fígado.
Como se dá a doação de sangue?
A doação de sangue não se insere no conceito de transplante, mas é um gesto capaz de salvar vidas de pacientes que necessitam de transfusão. Após a doação, a legislação assegura o resguardo por um dia, determinando o fornecimento de atestado médico para o dia da doação.
O doador deve ter entre 16 e 67 anos e peso superior a 50 quilos. É necessário se alimentar três horas antes da coleta, ter dormido pelo menos seis horas, não ter ingerido bebidas alcoólicas e evitado fumo e alimentos gordurosos. O doador recebe lanche e instruções sobre seu bem-estar após a coleta e poderá conhecer os resultados dos exames e seu tipo sanguíneo. O sangue doado é separado em hemácias, plaquetas e plasma, componentes que irão beneficiar mais de um paciente.
Quem não pode doar sangue?
Quem teve diagnóstico de hepatite após os 11 anos de idade, mulheres grávidas ou na fase de amamentação, pessoas expostas a doenças transmissíveis e usuários de drogas.
Onde pode doar?
Bancos de Sangue em Porto Alegre
Hemocentro – 51. 3336.6755
Santa Casa – 51. 3214.8080
Moinhos de Vento – Banco de Sangue e Leite Humano – 51. 3314.3860
Mãe de Deus – 51. 3230.2309
Clínicas – Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário – 51. 3359.8504
HPS – 51. 3289.7656
Conceição – 51. 3357.2139
Sanatório Partenon – 51. 3336.6755
Hemocentro no Interior do Estado do RS (www.hemocentro.rs.gov.br)
Alegrete – 55. 3426.4127
Caxias do Sul – 54. 3290.4576
Cruz Alta – 55. 3326.3168
Palmeira das Missões – 55. 3742.1480
Passo Fundo – Sete de Setembro, 1055
Pelotas – 53. 3222.3002
Santa Maria – 55. 3221.5262
Santa Rosa – Rua Boa Vista, 401
O que é medula óssea, como se dá a doação de medula e quem pode doar?
A medula óssea, encontrada no interior dos ossos, produz os componentes do sangue, incluindo as células brancas, agentes mais importantes do sistema de defesa do nosso organismo. Pacientes com produção anormal de células sangüíneas, geralmente causada por algum tipo de câncer no sangue, como, por exemplo, leucemias, precisam de transplante de medula óssea. Além de portadores de aplasia de medula ou pacientes cuja medula tenha sido destruída por irradiação, etc.
Primeiro, é retirada uma pequena quantidade de sangue (5ml) do doador e preenchida uma ficha com informações pessoais. O sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), que é um teste de laboratório para identificar as características genéticas que podem influenciar no transplante. O tipo de HLA será incluído no cadastro. Os dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Se for compatível com algum paciente, outros exames de sangue serão necessários. Se a compatibilidade for confirmada, o doador será consultado para confirmar que deseja realizar a doação. O atual estado de saúde será avaliado. A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Nos três primeiros dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana.
Onde fazer a doação de medula no Rio Grande do Sul?
Hemorgs – Centro de Hemoterapia e Hematologia do Rio Grande do Sul
Av. Bento Gonçalves nº 3.722, Partenon – Porto Alegre – (51) 3336-6755 e 3336-2843
Hospital Dom Vicente Scherer – Laboratório de Imunologia de Transplantes
Av. Independência, 155 – 7º andar – Bairro Independência – Porto Alegre – (51) 3214-8670 e 3214-8459 (coordenadoria)
Hemocentro Regional de Santa Rosa
Rua Boa Vista, 401, Centro – Santa Rosa – (55) 3511-4343
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Av. Ramiro Barcelo, 2350 – Santa Cecília – Porto Alegre – (51) 2101-8317
Alguém pode roubar seus órgãos para transplante?
É impossível. Para realizar a retirada de órgão e realizar o transplante são necessários cuidados especiais com o doador, o receptor e, principalmente, com os órgãos retirados para o aproveitamento dos mesmos. O roubo de órgãos é uma “lenda urbana”, história que vai sendo recontada como se fosse verdadeira. Qualquer pessoa, para ser doadora viva, precisa passar por exames. Para seu órgão ser efetivamente aproveitado, ele deve ser retirado em condições seguras e de higiene e ser compatível com o receptor.
Há possibilidade do médico descobrir que o paciente é doador de órgãos e não salvar a sua vida?
Não é verdade. O médico que atende o paciente na UTI, não é o mesmo que faz o diagnóstico de morte encefálica, nem a retirada de órgãos e transplante. Se o paciente for admitido no hospital, a prioridade nº 1 é salvar a sua vida. A doação de órgãos somente será considerada depois de constatada a morte e após o consentimento familiar
Doar sangue engorda?
Doar sangue não engorda, não emagrece, não afina o sangue nem o engrossa. Não vicia e não tem risco de se contrair qualquer infecção
Posso ser contaminado ao doar sangue?
O material utilizado na coleta do sangue é descartável e individual, sem nenhuma possibilidade de transmitir doenças.
Somente pessoas jovens podem ser doadoras?
Não. A idade não é fator limitante para a doação de órgãos. Uma pessoa acima de 70 anos, por exemplo, pode doar rins, fígado e córneas. Após a família autorizar a doação, alguns exames são realizados para verificar a viabilidade de cada órgão ser doado.
Após a doação dos órgãos o corpo fica deformado?
Não. A retirada dos órgãos é realizada por profissionais altamente capacitados e, como em qualquer outra cirurgia, a região do corpo onde foi feito o procedimento é coberta por curativo e o doador poderá ser velado e sepultado sem nenhum problema.
Fontes
www.saude.rs.gov.br
www.santacasa.tche.br/dom-vicente-scherer
www.inca.gov.br