A frente e o verso do olho
Selecionada pelo Edital de Exposições Temporárias 2018, a mostra ficou em cartaz na Galeria Ecarta de novembro de 2018 a janeiro de 2019. Agora, ganha itinerância, tendo a cidade de Santa Maria como ponto de partida. A exposição trata das fronteiras entre o pensamento e sua fixação. “Mostrar que imagens realizadas podem guardar apenas de longe as feições do que as motiva e, ao mesmo tempo, continuar a ser pensamento em ato”, afirmam os artistas. Não se trata de revelar o que está por trás das imagens. “O significado subjacente, o não dito velado pela aparência das coisas. O que se quer ao considerar as imagens pelo avesso do olho, é tratar do que ocupa o pensamento quando este se faz imagem, além do que não se fixa, e continua a restar para além do que se resolve em imagem e é figurado pelo artista”, refletem.
O trabalho de Elias Maroso revela que no confinamento dos objetos em espaço artístico há imagens e forças capazes de atravessar paredes. Maroso parte das paredes da Ecarta e busca formas de transpor os limites do próprio recinto, projetando quebraduras e sinalizações, além de construir dispositivos que emitem energia eletromagnética capazes de atravessar paredes. “A arte não está apenas em um tipo de lugar e não se restringe aos espaços de exposição. Não se trata apenas de mostrar imagens e, sim, de produzir fenômenos do atravessamento”, ressalta.
O espaço imediato em que se dá a relação com telas de telefones, computadores e outros dispositivos é retratado por Carlos Donaduzzi. As imagens abordam a textura invisível e impregnada de silêncio que perpassa as ações nas redes. “Vídeo e fotos sublinham gestos mínimos, deixando dúvidas no que se desenrola à frente ou no verso dos olhos em cada cena retratada, concentrando a percepção do que se fixa e se perde no entorno das telas”, explica.
O artista Emanuel Monteiro trabalha as relações entre imagem e memória na produção de paisagens em desenho, pintura, livro de artista e instalações. “Recorro com frequência a materiais de origem orgânica e mineral na tentativa de evocar sensações táteis, somados ao uso da palavra escrita. A partir de fragmentos na construção de uma espécie de teatro da memória, as palavras, imagens e outros elementos têm um lugar incerto, ambíguo e precário”, analisa.
artistas
Emanuel Monteiro (Londrina/PR, 1988)
Artista visual e professor no curso de Artes Visuais, da UFPR. Está no doutorando em Artes Visuais pela Ufrgs e conquistou o 4° Prêmio Incentivo à produção de Artes Visuais do RS e no 13° Salão Nacional de Arte de Jataí, em Jataí (Goiás).
Elias Maroso (Sarandi/RS, 1985)
Artista visual e doutorando em Artes Visuais pela Ufrgs. Foi premiado no Salão Latino-Americano de Artes Plásticas, promovido pelo Museu de Arte de Santa Maria, em 2014, com menção honrosa no mesmo evento em 2017. Há oito anos, participa de exposições coletivas e individuais em Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, São Paulo e Montevidéu com trabalhos em fotografia e vídeo.
Carlos Donaduzzi (Santa Maria/RS, 1989)
Artista visual e doutorando em Artes Visuais pela Ufrgs. Foi premiado no Salão Latino-Americano de Artes Plásticas, promovido pelo Museu de Arte de Santa Maria, em 2014, com menção honrosa no mesmo evento em 2017. Há oito anos, participa de exposições coletivas e individuais em Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, São Paulo e Montevidéu com trabalhos em fotografia e vídeo.
curadoria
Paula Luersen (Três de Maio/RS, 1988)
Curadora e doutora em Artes Visuais. Atuou na coordenação do espaço Quiosque da Cultura, em Gravataí (RS), onde deu início ao Prêmio de Incentivo à Produção em Artes Visuais. Foi mediadora em bienais e em outros eventos de arte contemporânea. Conta com artigo na Revista Arte & Ensaio e tem participação no livro Outro ponto de vista.
inauguração
6 de novembro de 2019, 19h
visitação
Até 28 de novembro de 2019
local
Museu de Arte de Santa Maria (Av. Presidente Vargas, 1.400 – Santa Maria/RS)