Filmes de Afogamento

Videoperformances em diálogo com a fotografia e o cinema compõem a exposição de Luciano Scherer e Maira Flores. A série é um trabalho em andamento, a ser continuado e desenvolvido em novas e diferentes paisagens. Nos vídeos, além do corpo imóvel dos próprios artistas, o que se vê é um enquadramento fixo e um movimento de cena bastante leve, como um desdobramento da imagem fotográfica, continuamente em loop.

Cada vídeo é o último registro de um indivíduo e uma forma de resistência ao seu desaparecimento, tornado uma imagem sem fim – o que externa essa propriedade dicotômica da memória, presente na obra de ambos os artistas. Essas imagens semi-estáticas são como um retorno ao impossível, uma alegoria do terminar do tempo e sua contenção. De natureza multimidiática, a série manipula movimentos temporais: tem a suspensão do tempo por meio das imagens, e a expansão dele por intermédio dos vestígios.

Os objetos da instalação estão relacionados a cada vivência findada naquele instante capturado: um documento, um desenho, um bilhete, uma fotografia dobrada encontrada no bolso, as peças de roupa, um sapato que foi achado a quilômetros de distância, uma lata enferrujada, um relógio, uma notícia antiga e itens que dão indícios de onde foi o local do acontecimento. Cada peça representa um rastro de identidade e um elo com o passado, a sombra de uma história velada que se projeta e age como um dispositivo que amplia a noção de realidade dentro da obra.

O resultado visual do exercício, quando marcado por uma imagem infinita e pelos seus vestígios, propicia ao espectador a construção de suas próprias possibilidades de narrativas e uma reflexão acerca do que fica.

artistas

Nasceu em 1987, em Santa Vitória do Palmar. Vive e trabalha em Porto Alegre. É mestrando em Artes Visuais, com Ênfase em Poéticas Visuais, pela UFRGS. Suas exposições individuais são: “Sob o Peso das Coisas”, Galeria Península, Porto Alegre (2014); “Desdobramentos”, Espaço Cultural ESPM, Porto Alegre (2012) e “Scherer”, Galeria Thomas Cohn, São Paulo (2010). Entre as coletivas que participou estão: “Mito Videos”, Museu da Imagem e Som, São Paulo (2014); “Metropolitanos” Museu de Arte Contemporânea, Porto Alegre (2012); “6764257 km”, Galeria Ó!, Porto, Portugal (2012); “Glimmer Show’”, Anno Domini Gallery, San José (Califórnia), Estados Unidos (2011); “Lista” at Galeria Logo, São Paulo (2011); e “Nóis na fita”, Galeria Fita Tape, Porto Alegre (2010).

Nasceu em 1990, em Porto Alegre, onde vive atualmente. Centraliza sua produção na manipulação de objetos do cotidiano íntimo, construindo narrativas e refletindo o implícito. Em seus trabalhos faz sempre o uso de peças usadas do vestuário e de funções domésticas, imbuídas de memória e sinais do tempo, como fronhas, lençóis e toalhas. A partir da experiência da passagem do tempo, reflete sobre os fragmentos invisíveis de cada um que permanecem e perpetuam-se tacitamente.

em cartaz
De 12 de agosto de 2015 a 13 de setembro de 2015

local
Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943, Porto Alegre)