Um firme e vibrante NÃO

Apresenta obras de mais de 41 artistas de distintas gerações e procedências. A força destes trabalhos está na contestação política e comportamental, no desafio à autoridade, no humor e na recusa aos padrões culturais dominantes. Uma produção animada pelo espírito questionador da contracultura, pelos movimentos marginais e pela crítica ao establishment.

A mostra parte de uma coleção de trabalhos dos anos 1970 e 1980, de artistas, em sua maioria, brasileiros, ligados ao conceitualismo e à arte-correio, que têm no papel a sua principal mídia: revistas, jornais, livros, fotocópias, envelopes, selos, pôsteres, cédulas. Materiais de natureza gráfica que visavam extrapolar paredes de museus e galerias, escapar da censura, ativar redes internacionais e experimentar formas alternativas de circulação em proposições cada vez mais coladas à vida.

“Artistas esquecidos, coletivos que logo se dissolveram, obras que deliberadamente não se pareciam com obras de arte: o grande desafio de qualquer pesquisa sobre o período é localizar um material que, pela sua própria natureza, se dispersou e, frequentemente, se perdeu. Nesse sentido, podemos dizer que esses trabalhos cumpriram com o destino que lhes cabia”, afirma Jorge Bucksdricker, que assina a curadoria da exposição ao lado de Leo Felipe, coordenador artístico da Galeria Ecarta.

Propondo um diálogo com as iniciativas históricas, Um firme e vibrante NÃO traz a produção de artistas contemporâneos não apenas engajados na luta política, mas que também resgatam certa estética/retórica formatada após os levantes de 68. Trabalhos pautados pelo questionamento crítico e a desconstrução do naturalizado, pela recusa e insubordinação, pelo humor e o sarcasmo.

“Por contracultura entendemos não apenas as movimentações de 68, mas também suas irradiações: as ideias dissidentes e o desejo de confrontar o sistema, por meio de recusa, seja ela fuga ou luta; as práticas boêmias de poetas, pintores e roqueiros malditos; os movimentos subculturais que, assim como ocorreu com a arte de vanguarda, estão sujeitos aos processos de assimilação mercadológica e institucional”, diz Leo Felipe.

curadores

Jorge Bucksdricker é graduado em Filosofia, mestre em Epistemologia e doutorando em Artes Visuais. Publicou os livros Solstícios (IEL/RS – 2005) e Pinus (Edição do Autor – 2011). Nos últimos anos, participou de exposições em Porto Alegre (Tratar de Conciliar os Olhos – 2013 e Poesia Visual Contemporânea: Delitos e Dilemas – 2009) e em Santiago do Chile (Ejercicios de Posibilidad – 2012), ministrou cursos, publicou ensaios sobre arte e literatura, editou a revista virtual Ferramentas Errantes e o zine Antes, Pelo Contrário.

Leo Felipe é jornalista, mestre em Artes Visuais e coordenador artístico da Galeria Ecarta, tendo assinado a curadoria das exposições Objeto: Som (2011), Sobre Amanhã (2012), Os Nau Caminhos de Roger Canal (2013) e Chico Machado: Aparelhos que fazem Zóing!. Com o artista Alexandre Navarro Moreira, apresentou a performance AUTACOM no Espaço Maurício Rosenblatt, em Porto Alegre (2013), e no EAC, em Montevidéu (2014). É diretor da rádio on-line minima.fm. Tem dois livros de ficção publicados, Auto (2004) e O Vampiro (2006), e o livro de memórias A Fantástica Fábrica (2014), que conta a história do reduto underground porto-alegrense, Bar Garagem Hermética, do qual foi um dos fundadores.

artistas
3Nós3, Adriano Rojas, Antonio Dias, Alex Vieira, Alexandre Navarro Moreira, Artur Barrio, Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Caroline Barrueco, Cildo Meireles, Claudio Goulart, Clóvis Dariano, Daniel Eizirik, Edgardo Vigo, Edson Barrus, Fabiana Faleiros, Flávia Felipe, Horacio Zabala, Hudinilson Jr., Jesus Gadamez Escobar, João Kowacs, Joaquim Branco, Jorge Caraballo, Julio Plaza, Lenora de Barros, Leonhard Frank Duch, Lourival Cuquinha, Luiz Rettamozo, Luiz Roque, Luiza Só, Milton Kurtz, Moacy Cirne, Nelson Rosa, Paulo Bruscky, Regina Silveira, Ricardo Aleixo, Roberto Traplev, Rogério Nazari, Telmo Lanes, Ulises Carrion e Vera Chaves Barcellos.


em cartaz

abertura
2 de dezembro, terça-feira às 19h

visitação
de 3 de dezembro de 2014 a 31 de janeiro 2015, de terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h.
Entrada franca

local
Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943 – Porto Alegre)